| Resumo: |
Toda criança na infância tem um ou mais desenhos animados favoritos. Para não perder a hora da animação são capazes até de assistir a um programa adulto que antecede ao desenho, como eu fazia, e que parece nunca ter fim. No meu caso esse desenho animado era “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Desde criança eu já notava como algumas pessoas gostavam de consultar o horóscopo do jornal para saber o que iria acontecer durante o dia de acordo com o seu próprio signo. Era interessante também como essas pessoas acreditavam fielmente que as características que possuíam tinham relação com as posições dos astros correspondentes a seu signo. Ao assistir Os Cavaleiros do Zodíaco na TV de tubo no canal da extinta Rede Manchete, ficava impressionado com a idéia de que os cavaleiros do desenho eram crianças que haviam treinado de maneira árdua para se tornarem defensores da paz e da justiça. Usavam armaduras que representavam as constelações protetoras que eram responsáveis pelas características das personagens. Da mesma forma ficava impressionado com a ideia de que signos do horóscopo eram parte da animação (como, por exemplo, os cavaleiros de ouro). Os 12 cavaleiros de ouro são os guerreiros mais fortes entre os 88 cavaleiros de Atena. Eles protegem o santuário posicionados na ordem zodiacal (Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes). Durante os episódios alguns cavaleiros contavam histórias que explicavam a origem de suas armaduras e as batalhas pessoais que travaram para conquistá-las. Essas histórias eram relacionadas a alguns mitos que circulam na sociedade, como por exemplo, o Mito da Caverna de Platão. Era muito interessante observar como o autor do desenho Masami Kurumada (do qual eu não tinha conhecimento na infância) fazia a ligação entre os mais variados deuses, fatos históricos, religiões, lendas, horóscopos como se tudo estivesse interligado. Por exemplo, a disputa de poder entre os deuses da mitologia grega (Atena, Poseidon e Hades), o cavaleiro Shaka de Virgem como a reencarnação de Buda (considerado o mais próximo de Deus entre os cavaleiros) e a casa de gêmeos. Eu fantasiava que, se me esforçasse muito, poderia me tornar um cavaleiro um dia. Veio também à curiosidade de entender e conhecer um pouco mais sobre os mitos representados no desenho animado. O resultado dessa busca foi compreender as aulas de história quando surgiam perguntas relacionadas à mitologia grega na escola e eu conseguia responder graças ao conhecimento adquirido através do desenho. Então passei a enxergar que o desenho não era simplesmente uma coisa sem sentido, que não tinha importância nenhuma, mas que era também fonte de conhecimento e isso me deixou mais animado a assisti-lo. Conforme acompanhava os episódios aprendia cada vez mais sobre a mitologia grega, prestava atenção como os cavaleiros valorizavam a amizade e o amor, entre outros valores humanistas. Conforme eu fui crescendo e frequentando a escola, igreja católica e igreja evangélica, comecei a fazer associações entre todos os elementos do desenho e a forma como as pessoas se relacionavam entre si, assim como o sofrimento que experimentavam devido a problemas de relacionamento interpessoal. Diante disso, e a partir das relações que estabeleci com os cavaleiros do zodíaco, surgiu a minha pergunta: “por quê muitas pessoas, mesmo sob as mesmas condições, como os cavaleiros, fracassam nas mais variadas áreas da vida e outras tem sucesso?" Minha curiosidade me conduziu até o curso de psicologia que me inspirou ainda mais na construção desse trabalho. |
